segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Moradores de Laranjeiras queimam três ônibus em protesto Queixa da população é principalmente contra a superlotação e as condições dos veículos


Ônibus foram queimados após quebrarem no início da manifesto
A cidade de Laranjeiras, a 23 km da capital sergipana, parou durante a manhã desta segunda-feira, 9, por causa do protesto de centenas de pessoas contra as condições do sistema de transporte. Revoltada, a população queimou três ônibus e invadiu o prédio da Prefeitura a fim de conseguir um posicionamento da Administração Municipal sobre o problema.

A manifestação começou às 5h, quando os três primeiros ônibus que fazem o trajeto daquela cidade a Aracaju quebraram. Por ser uma situação recorrente, conforme relatos de diversas pessoas que estavam no local, os moradores decidiram reagir e atearam fogos nos veículos. Nem mesmo a Tropa de Choque da Polícia Militar e o Grupamento Tático Áereo, que estiveram na cidade para controlar a situação, ficaram livres dos gritos de ordem dos populares. As chamas só cessaram com a chegada de dois carros do Corpo de Bombeiros.

População se concentrou em frente ao terminal de ônibus
Maria Rosana dos Santos, uma das pessoas que estavam no comando do protesto, diz que o sistema de transporte é precário e que diariamente os moradores travam uma verdadeira batalha para chegar à capital sergipana, onde trabalham. “Nas horas de pico você tem que lutar muito pra conseguir um ônibus. A segunda-feira é o pior dia. Tem gente que tem que dormir no trabalho no final de semana, porque se não for assim não chega ao trabalho”, relata.

Em alguns bairros da cidade, a exemplo do conjunto Manoel Prado Franco, os ônibus nem chegam a entrar. “A gente tem que caminhar mais de vinte minutos até o ponto mais próximo pra pegar o ônibus, porque as ruas estão tão esburacadas que nenhum carro entra. Quando voltamos do trabalho, ficamos no meio do caminho”, completa Rosana. “Laranjeiras esta à mercê”, afirma a moradora.

Rosana diz que veículos não entram nas ruas esburacadas
O mestre-de-obras Josué Menezes Cruz assevera a situação traçada por Rosana. Ele disse que a indignação do povo é maior pela falta de respostas por parte da Prefeitura, que deveria ser o agente responsável pela regulação do transporte público na cidade. “A população está jogada. Não existe respeito conosco: os ônibus não param nos pontos, vivem lotados e quebram sempre; carregam-nos como animais. Sempre chegamos atrasados ao trabalho. A demanda é grande, mas os ônibus não atendem à população”, acrescenta.

De acordo com ele, a situação é crítica não só nas primeiras horas da manhã, mas também no final da tarde. “Das 16h às 20h todos os ônibus ficam superlotados e não importa se é partindo daqui ou de Aracaju. A situação é a mesma nos dois lugares”, destaca.

Josué cobra o posicionamento da Prefeitura sobre a questão
Segurança

Além do transporte a população chama à atenção para a segurança da cidade e para os problemas enfrentados com as deficiências no abastecimento de água. Ginaldo Alcides dos Santos diz que nas duas delegacias que funcionam na cidade não há policiais suficientes para atender à população. “Em uma ficam apenas dois vigilantes; na outra, apenas dois policiais”, afirma. Em alguns pontos da cidade, segundo ele, a falta de água chega a durar dez dias. “A cidade está entregue às moscas”, lastima.

Prefeitura

Moradores invadiram a prefeitura a fim de falar com a prefeita Ione Sobral
Depois da chegada da polícia, que isolou a área em frente ao terminal de ônibus, onde os veículos foram queimados, a população se dirigiu à Prefeitura Municipal. Boa parte dos manifestantes invadiu o prédio [veja vídeo abaixo] na tentativa de conseguir uma audiência com a prefeita Ione Sobral, mas eles foram recebidos pela secretária de Administração Mônica Macedo. Ela disse que a Prefeitura reconhece o problema, mas que a manifestação desta segunda tinha um cunho muito mais político que social e acusou opositores da prefeita de incitarem a revolta da população.

“A população está sendo envolvida por manipuladores. O problema é real, mas estão usando-o de forma política”, disse. Mônica explicou que há um termo de Ajustamento de Conduta (TAC) firmado com o Ministério

Chamas foram apagadas após a chegada da polícia
Público para tratar da questão, mas é algo que vem de administrações anteriores. A solução para o problema, segundo ela, seria uma licitação, mas para isto é necessário um estudo de viabilidade, o que vem sendo discutido com o MP. “A Prefeitura reconhece a demanda, tanto que estamos sempre conversando com a empresa. Em curto prazo, a solução só pode ser dada por ela”, ressalta.


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