segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Usuários e funcionários do Caps protestam contra a exoneração de servidores e da coordenadora da unidade; tratamento de pacientes pode ser prejudicado


Usuários do Caps reagem as demissãos de funcionários
Usuários do Centro de Atenção Psicossocial (Caps) Jael Patrício, no bairro Santos Dumont, protestam contra demissões de funcionários da Unidade, nesta segunda-feira, 2. De acordo com funcionários que não quiseram se identificar temendo represálias, seis servidores, incluído a coordenadora, foram demitidos sem justificativa.

“Tivemos a informações na sexta-feira passada [30], de que os funcionários seriam demitidos. Inclusive eles estão trabalhando até que o processo de exoneração seja resolvido”, relata uma das pessoas ouvidas.
Ainda segundo os funcionários que participaram da mobilização, existem interesses políticos nas demissões. “Uma líder comunitária, não sabemos por qual razão, tem interesse que essas pessoas sejam demitidas para que ela possa indicar gente dela para a vaga”, acusa.

Usuários e funcionários decretaram luto na manhã dessa segunda-feira
A falta de concurso para que profissionais qualificados não sejam dispensados também faz parte das reivindicações. “Deve ser por isso que a Prefeitura prefere a terceirização. Para que exista essa mobilidade política”, protesta a funcionária.

Usuários

Visivelmente transtornada, a usuária Maria Iraci, 50 anos, pede que a questão seja resolvida para que seu tratamento não sejaprejudicado. “Não queremos que essas pessoas saiam daqui. Nós confiamos nelas e por causa delas estamos melhorando a cada dia. Alguém tem que olhar por nós, pelo amor de Deus”, suplica Iraci.

Maria Iraci chora, pedindo a permanencia dos funcionários
Usuária há oito anos, ela afirma que a confiança nas pessoas é fator fundamental para a melhoria. “Eu estava pelas ruas como uma doida, sem saber por onde andava e foi justamente ‘Leleu’ [Como é conhecida entre os usuários a coordenadora do Caps], que me pegou pelo braço e me encaminhou ao Caps. Posso dizer que hoje sou outra pessoa, mas não vou aguentar se ela for embora daqui”, desabafa Maria Iraci.

Para Clilda Darc, também usuária da unidade, os profissionais que trabalham no Caps ajudam aos usuários não só no tratamento das enfermidades mentais, mas em atividades que podem levá-los a conseguir uma fonte de renda. “Existe um trabalho feito pelos oficineiros que faz a gente se sentir incluído na sociedade. Fazemos bijuteria e temos a oportunidade de vender o nosso produto”, explica Clilda, ressaltando que “muitos usuários participam do coral e que se as demissões acontecerem, todo o trabalho será perdido”.

Remanejamento

Segundo a assessoria de comunicação da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), nenhum remanejamento foi oficializado e o que existe é uma discussão na rede de saúde, para que existam mudanças e melhorias no atendimento aos usuários de crack. “As discussões são no sentido de melhorar a qualificação dos profissionais, mas em nenhum momento se falou em exoneração ”, explica a assessora Déa Jacobina.

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