sábado, 19 de novembro de 2011

No Cabaré de 5ª Luciano Barreto comenta calote que tomou de Albano Franco.

Na última quinta-feira, 17, o empresário Luciano Barreto, proprietário da Construtora Celi, uma das maiores de Sergipe e do Nordeste brasileiro, foi o sabatinado do Cabaré de 5ª. Na entrevista concedida a vários jornalistas na 41ª edição de NósnoCabaré.comConvidados , o construtor respondeu a perguntas polêmicas a exemplo de sua relação com ex-governador Albano Franco, plano diretor, financiamento de campanhas políticas e atraso em obras públicas.

Para o jornalista Chico Freire, um dos fundadores do NósnoCabaré, a idéia de realizar estas sabatinas com políticos e pessoas influentes da sociedade sergipana não tem nenhum fim partidário ou político. O objetivo é discutir assuntos de interesse coletivo e prestar um serviço a sociedade.

Calote

Eu vivi todo esse tempo e há muito questionamentos a ser feitos. Os principais são as obras não andam, obras mal feita e os aditivos. Sempre o culpado de qualquer construção são os empreiteiros e nem sempre é assim. O poder público não gosta de investir em projetos. O empresário entra no canteiro de obra precisa que todas as licenças estejam prontas e isso não acontece. A maioria das vezes a culpa é do governo, mas quem paga são os empresários.

No passado se culpava o empreiteiro por todos os atrasos. O governo paga a obra seis ou sete meses depois de pronta e não indeniza o dinheiro que gastamos. Se recorrer a justiça, você passa 10 anos para conseguir esse dinheiro de volta. O estado não indeniza os custos recorrentes. O mercado de Simão Dias a Celi construiu a mais de 20 anos e até hoje não recebeu um centavo, o processo rola na justiça e quem vai receber esse dinheiro serão gerações futuras.

Só conseguimos chegar a 43 anos de empresa porque derivamos para a área imobiliária. E durante todo esse tempo já ouvi de secretários que contrataram uma obra e sabiam que não iam ser entregues.

Alcapone

Durante a entrevista Luciano desmistificou a lenda de ser chamado de Alcapone. Alguns aqui conheceram Olimpinho e todas as pessoas que viveram com ele eram apelidados. Ele me chamava assim porque eu era uma pessoa que brigava pelos meus ideais e acabava me envolvendo em várias discussões, por isso que Olimpinho me chamava assim.

Encargos

Para o empresário, as obras no Brasil são caras devido aos encargos sociais que são muitos altos. Tem que se comparar o preço dos insumos e da mão de obra de lá (referindo-se ao México onde um estádio de futebol foi construído por cerca de R$ 300 milhões) para comparar com os valores do Brasil. Só com essa conta que poderemos dizer se as obras do Brasil são caras ou não.

TCU e CGU

No país ainda não foi feita a conta de uma obra que não é finalizada. O TCU (Tribunal de Contas da União) tem um foco muito em cima do preço final das obras. O CGU (Controladoria Geral da União) tem que mudar um pouco de foco. Eles têm que olhar os prazos e não olhar somente os preços. No Brasil, de um tempo para cá, ninguém consegue entregar as obras públicas em prazo determinado. Estão criminalizando nossa atividade.

Empreendimentos na Barra

Este empreendimento da Barra é o chamado Stanza. No passado o governo federal financiava empreendimentos do governo do estado, nessa época o mutuário pagava somente a casa. Hoje o mutuário custeia tudo, paga o terreno e a construção. Por isso construímos imóveis que caibam no bolso dos compradores.

Com relação a um terreno da empresa na Barra, Luciano diz que a empresa está de stand by aguardando a construção do Alphaville. Temos na Celi dois terrenos, um do lado da ponte e o outro terreno que tem em torno de 300 mil m². Estamos estudando dentro do programa Minha Casa, Minha Vida. Paramos o empreendimento para que as outras construtoras construíssem seus empreendimentos para que seja valorizado.

CQ – Porque o programa ‘Minha Casa Minha Vida’ de zero a três salários mínimos não saem do papel?

Já com relação ao programa “Minha Casa Minha Vida” de zero a três salários mínimos, Luciano diz que dá para ser executado. Para que ele seja feito tem que a prefeitura dar alguns incentivos, tipo doar o terreno. Porque o valor que o governo estipula ninguém consegue construir.

Bolha Imobiliária

A bolha imobiliária dos Estados Unidos foi gerada dentro dos mercados financeiros com a hipoteca. Lá é muito fácil financiar imóvel e por isso milhares de pessoas financiaram seus imóveis e não conseguiram pagar. No Brasil existe uma burocracia muito grande para financiar um imóvel, por isso que os países desenvolvidos estão aplicando taxa de quase zero.

No passado os empresários ficavam de sacola na mão indo nos bancos para conseguir um financiamento. Hoje são os bancos que oferecem os créditos para os bons empresários. Não existe bolha no mercado brasileiro. Ninguém precisa ter medo, pode continuar comprando porque o Brasil está dentro do controle.

Plano Diretor

Com relação ao Plano Diretor, Luciano diz que participou somente de uma audiência publica e defendemos que qualquer que seja o plano que seja igual para todos. Defendemos que as obras só devem ser executadas com total infraestrutura. A Celi executa as obras com a maior sustentabilidade. Na Alameda das Arvores mantivemos a praça e doamos para a Prefeitura de Aracaju, sem qualquer custo para nenhum contribuinte. A Celi não cometeu nenhum erro desses do passado. Se você for olhar os empreendimentos que tem esse tipo de metragem nas calçadas, nenhum é da Celi.

As construtoras através da Ademi, que a Celi faz parte, têm contribuído para que seja um plano igualitário e que respeita os urbanistas e arquitetos.

Falando sobre a obra da ponte no Inácio Barbosa, Luciano diz quer foi executada dentro do prazo, só que a prefeitura não fez a parte dela. A obra será executada em quatro etapas: a ponte, a avenida, o encontro da ponte e a pista que liga a ponte ao Augusto Franco. Ainda a prefeitura vai licitar da avenida Contorno até a ponte.

Fundação

Ao ser questionado porque entrou no trabalho social, Luciano disse que tudo começou com o seu filho, Luciano Barreto Junior, que propôs criar uma fundação que abrangesse todo o trabalho social que a Celi fazia. Com a partida dele nos resgatamos o projeto no seu computador e aplicamos. Hoje são mais de 1200 alunos estudando lá e já formamos mais de 10 mil alunos. Todo o trabalho é feito com recursos próprios.

Albano Franco

Minha relação com Albano Franco é muito boa, tudo já foi superado. Eu fiz um empréstimo a ele e não foi pago. No ano de 2002 emprestei R$ 2 milhões para Albano Franco e ele nunca pagou. Esse dinheiro vai ficar para a próxima geração. Quanto ao montante se fosse pago hoje, não sei dizer por que nunca fiz correção do valor que foi emprestado.

Chantagem

Ao ser questionado se alguma vez já teve que se submeter a alguma chantagem de político, Luciano disse que nunca necessitou fazer isso.

Amizade

É publico e notório que financiei a campanha do prefeito de Aracaju, mais foi por amizade. Também financiei a campanha de um candidato do DEM a vereador de Aracaju, o meu compadre Valadão. Não tenho distinção por partidos.

Luciano diz que é considerado rico pela solidez da sua empresa, que tem hoje três mil funcionários e é considerada grande. Por isso muitos acham que tenho muito dinheiro e pede para financiar suas campanhas. O que falta nas empresas é humildade. Eu levo o mesmo padrão de vida se fosse executivo da Odrebech. Não tenho vaidade.

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