Do Brasil 247 - Único ministro do Supremo Tribunal Federal com passagem pela vida político-partidária, Carlos Ayres Britto está tão ou mais amargurado do que a maioria dos réus já condenados. Dentro de uma semana, ele estará aposentado sem ter conseguido realizar seu último e maior desejo na suprema corte. Ayres Britto sonhava em entrar para a história com a leitura da decisão daquilo que o jornal O Globo define como "um julgamento para a história".
Como presidente da corte, caberia a ele proclamar a sentença que mandará para a prisão políticos como José Dirceu e José Genoino -- curiosamente, dois ex-presidentes do partido que a ele emprestaram a legenda. Em 1990, Ayres Britto concorreu a deputado federal por Sergipe, seu estado natal, pelo Partido dos Trabalhadores, como "Carlim do PT", mas não conseguiu se eleger nem como suplente. A experiência foi tão frustrante que Ayres Britto praticamente apagou esse dado da sua biografia.
Ciente da impossibilidade de "entrar para a história" com a leitura da sentença do "julgamento para a história", Ayres Britto passará o bastão para o ministro Joaquim Barbosa, que desfrutará o duplo "privilégio" de ter relatado a Ação Penal 470 e de mandar os condenados para prisão.
Sem a leitura da sentença condenatória, o atual presidente da corte também vê enfraquecidos seus eventuais projetos de retorno à política. Segundo o colunista Claudio Humberto, o presidente do PSB, Eduardo Campos, ofereceu a ele a legenda para que concorra ao Senado pelo Distrito Federal em 2014. Oficialmente, Britto descarta a ideia. “O livro da vida nos ensina a virar página. A página da política partidária está definitivamente virada.”
Britto diz que voltará a advogar. E seu grande momento não chegou ao fim exatamente como ele planejou
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