quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Famílias não conseguem superar tragédia com trio


                                           Anderson (verde) e Isaias (amarelo) vítimas do acidente com trio em Socorro
Parentes das vítimas pedem Justiça e acreditam em falha humana

Na manhã desta quinta-feira dia 14, a equipe do jornal dos municípios esteve na residência da família de Isaias e da outra vítima, identificada como Anderson Bezerra Soares da Silva, de 12 anos. Familiares das vítimas estão inconsolados.A cena do filho pedindo ajuda para não morrer não sai da cabeça de Natali de Oliveira Santos, de 24 anos. A mãe de Isaías de Oliveira Lessa, de 11 anos, está bastante abalada. O garoto faleceu após ser atropelado por um trio durante o Carnaval no conjunto Jardim III em Nossa Senhora do Socorro. O fato ocorreu no último domingo, 10. Sentada no sofá chorando bastante a mãe disse apenas que nada trará o filho de volta. “Só Deus nas nossas vidas, pois nada trará meu filho de volta”.
“O meu netinho era a minha companhia, ele gostava muito de brincar, de ficar na rua, mas a noite voltava para casa. Ele dizia que nunca iria me deixar sozinha. Lembro dele como uma criança feliz que me pedia dinheiro para jogar de vídeo game. Não tive coragem de ver meu neto naquela situação”, fala Josefa dos Santos, de 59 anos.
Na casa de Isaias parentes e amigos estão inconformados
O tio de Isaias também expressa tristeza. “Foi uma cena muito triste, eu estava no local só que ao perceber a multidão acreditava que tinha sido uma briga. Quando percebi as pessoas correndo e a mãe dele chorando muito não tive nenhuma coragem de me aproximar muito”, diz Nailson dos Santos.
Estudante da Escola Estadual Professora Júlia Teles, Isaias completaria 12 anos no dia 21 de junho. “Foi uma vida interrompida. Nossa família está sofrendo muito”, lembra Nailson.
Na residência de Anderson Bezerra Soares da Silva, de 12 anos, o clima é de revolta. O pai da vítima não se conforma com a tragédia e aponta que a demora na assistência a criança terminou no óbito. “Não adianta agora a prefeitura dizer que tinha ambulância na hora da festa. Não tinha ambulância nenhuma pelo contrário meu filho foi colocado em cima da viatura da polícia que ficou rodando procurando uma ambulância e eles não encontravam. Meu filho era um menino feliz e não merecia morrer assim”, lamenta José Edson Bezerra da Silva.
Mãe e avó de Anderson não param de chorar
A vizinha e amiga da família de Anderson, Jaqueline dos Santos Silva, conta que estava no local do acidente e confirma a falta de assistência e a demora no atendimento. “Eu estava com ele no meu colo a polícia ficou rodando para tentar encontrar uma ambulância, só que demorou muito. Lembro que até o Atacadão, na entrada da cidade ele ainda estava respirando. A única coisa que ele tinha era um corte na cabeça, mas não sei se por dentro tinha mais alguma coisa”, ressalta. Na residência de Anderson um cartaz foi colocado pelos próprios moradores para homenagear a criança. A previsão é que seja realizada uma missa na Igreja Católica do bairro no próximo domingo,17.
O secretário de comunicação da prefeitura de Nossa Senhora do Socorro, Henrique Matos, conversou com o jornal dos municípios na manhã de hoje na casa de Isaias. Henrique conta que estava no local do acidente e que no momento da assistência chegou a ajudar a retirar Isaias debaixo do trio. “Tinham duas ambulâncias, uma de médio porte e a outra de pequeno do Sau [Serviço de Atendimento de Urgência]. No local também tinha uma assistente social que começou a acompanhar as famílias desde o momento do acidente”, afirma.
Homenagem a criança morta durante o Carnaval em Socorro
Pai de Anderson diz que faltou assistência
O secretário de comunicação garante ainda que oito vítimas foram identificadas, mas que o Samu passou um relatório de 12 atendimentos. “Foram pessoas atendidas no local do acidente que tiveram pequenos cortes, mas oito pessoas deram entrada no Huse e no Nestor Piva”, explica Henrique enfatizando que a assistência as famílias continuará. “Tudo que estiver ao alcance da prefeitura será feito. As famílias serão acompanhadas e toda a assistência em termos de acompanhamento psicológico, assistência social, médica e jurídica será feita”, fala.
A psicóloga da prefeitura, Isabel Cristina dos Santos, lembra que todas as famílias estão muito abaladas, mas o acompanhamento está sendo feito com o auxílio de assistentes sociais. “Nós estamos fazendo o acompanhamento da vítima que permanece internada no Huse e de todas as famílias e vítimas que estiveram envolvidas neste acidente. Estamos fazendo um levantamento socioeconômico dessas famílias e dando todo suporte conforme a necessidade”, reforça.

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